Quando a vida nos reserva gratas surpresas, são os momentos únicos que elas proporcionam que ficam gravados para sempre em nossa memória. Há 10 anos, em um agosto seco como sempre são os agostos no Centro-Oeste, andava eu, como de hábito, fotografando no Parque das Emas quando reencontrei uma amiga de infância que eu não via há 30 anos… Esposa de um também fotógrafo, moradores do distante Rio de Janeiro, estavam no Parque no mesmo dia em que eu estava.
Convivemos na mesma cidade, no mesmo bairro, na mesma rua durante nossas infâncias. Mais, fomos vizinhos de casas. Lembro dela e das irmãs e irmão como se ainda hoje os visse nos domingos do subúrbio carioca, todos reunidos em frente as casas dos amigos, com aquela alegria que a infância e a juventude se alimentam, nos preparando para todas as experiências, boas ou más, que a vida nos trás. Eu, mais velho, segui meu caminho, fiz minha vida e vim embora para Goiás. Ela seguiu o seu e continuou vivendo no Rio de Janeiro. Formamos famílias e, por grande coincidência, ela casou-se com um fotógrafo que, como eu, é apaixonado pela fotografia de natureza, pelo Cerrado e Pantanal e, sempre que pode, aparece no Parque das Emas.
Pois naquele agosto de 10 anos atrás, nos encontramos em um pequeno espaço dentro do Parque, como se todo o território de Goiás e do imenso Brasil tivesse reservado a feliz sorte de nos revermos em um lugar tão especial para mim. Nos abraçamos, nossos olhos se encheram de lágrimas e a alegria ficou selada no meu peito. Que grande momento!
Foi um agosto muito seco, mas de um azul intenso no céu e com os Ipês amarelos e as Caraíbas ainda em grandes floradas, marcando o Cerrado com um contraste belo e poético entre o azul e o amarelo. Dentre as muitas fotos que fiz naquele agosto no Parque das Emas, essa é a lembrança da infância, da juventude, do valor da amizade, da alegria do reencontro.
2023